Fotos : ASPAFF EM AÇÃO

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

7 motivos para DIZER NÃO ao projeto de concessão do Parque Estadual das Sete Passagens – PESP

A escolha do modelo de concessão não foi discutida com a população e sim arbitrário e imposto

1 - Nem a sociedade nem as comunidades participaram da escolha do modelo de gestão compartilhada como concessão do PESP à iniciativa privada. Apenas o estado definiu conceder a exploração de serviços de apoio e visitação e instalações turísticas e fez a consulta pública apenas para questionar sobre os documentos.

A concessão a iniciativa privada vai contra o Decreto nº 7.808/2000 que cria o parque como Unidade de Conservação de Proteção Integral

2 - O Parque Estadual das Sete Passagens foi criado como resultado de uma intensa mobilização popular (Decreto nº 7.808/2000) para garantir a proteção dos rios e das nascentes que abastecem o Rio Itapicuru Mirim tão necessário para a sobrevivência das comunidades vizinhas. Criado como uma Unidade de Conservação de Proteção Integral com intuito de preservar de forma “integral” toda área do parque, sendo possível admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. A concessão do PESP para exploração da iniciativa privada fere o seu objetivo e o seu Plano de Manejo o que é proibido pela legislação ambiental.

Fere a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) não levando em conta as comunidades tradicionais como os quilombolas

3 - O processo de concessão privada não levou em conta as comunidades vizinhas, principalmente as comunidades quilombolas indo contrário a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Já que as comunidades possuem o direito de ser devidamente ouvidas e previamente consultadas sobre a proposta de concessão privada que pode afetá-las diretamente

Não foi honrado as promessas de pesquisas e oficinas de diagnóstico e sensibilização das comunidades

4 - Os acordos prévios com Conselho Gestor do PESP para realização de pesquisas e oficinas de diagnóstico e sensibilização das comunidades para entendimento do projeto não foram cumpridos. Sendo o modelo escolhido arbitrariamente, não respeitando a história de luta e sobrevivência da população.

A Audiência pública foi virtual sem liberação da participação do público

5 - Uma das etapas necessárias ao processo de licitação, a audiência pública virtual realizada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente no dia 27 de janeiro não foi pública. Foi um monólogo unilateral no canal do Youtube não garantindo a participação das comunidades do Parque, nem a presença do Conselho Gestor do PESP. O bate-papo não pôde ser usado e nem as perguntas enviadas no formulário foram devidamente lidas e respondidas.

Passaram por cima da lei estadual Lei n 14.126/2019 que estabelece prioridade ao Turismo de Base Comunitária

6 - Não foi levado em conta a Lei n 14.126/2019 que estabelece o Turismo de Base Comunitária como política pública pelo Estado da Bahia, e não usar a desculpa de geração de emprego e renda como justificativa a concessão de serviços turísticos a empresas privadas.

Não consta no contrato o acesso ao parque dos moradores, o uso da água, e o tratamento dos resíduos

7 - No contrato da concessão não consta a garantia de acesso livre a gratuito das comunidades a área do parque; também de como será o uso (racional) dos recursos hídricos pelas novas instalações se vai prejudicar a vasão de agua das comunidades; e não contempla como será o tratamento dos resíduos gerados como lixo e excrementos.

Por se tratar de Unidade de Conservação de Proteção Integral, que foi criada para proteger e preservar os rios, o acesso à água pela população e a biodiversidade que contém inclusive espécies ameaçadas de extinção, o modelo de turismo ideal pode ser o Turismo de Base Comunitária, e não o de exploração, pois além de trazer benefícios reais para a cidade, integraria as comunidades ao parque.

Deve-se lembrar que o Parque Estadual Sete Passagens foi criado pela mobilização popular que ao invés de fazer extrativismo comercial de suas terras, resolveu proteger seu uso para garantia de biodiversidade e recursos hídricos.

 Afinal, “todo poder emana do povo”

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