Fotos : ASPAFF EM AÇÃO

domingo, 25 de junho de 2017

Caravana Agroecológica vai passar por seis municípios do Submédio do São Francisco


Refletir sobre modelos de desenvolvimento e sistemas agroalimentares a partir de elementos comuns a uma bacia hidrográfica. Esse é o objetivo da “Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano: nos caminhos das águas do São Francisco”, que tem início na próxima segunda-feira (26), em Juazeiro (BA). O grupo de 70 pessoas, que fará parte da Caravana, também tem como proposta dar visibilidade a denúncias, conflitos e experiências de resistência e organização de comunidades dos seis municípios que serão visitados.

No primeiro dia da Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano, os participantes vão se reunir, em Juazeiro, para um momento de integração e reflexão sobre a região do Submédio do São Francisco. No dia seguinte, a Caravana vai se dividir em duas rotas, uma com destino aos municípios de Campo Formoso e Jacobina; e outra, que passará por Casa Nova, Remanso e Campo Alegre de Lourdes. Durante três dias, integrantes de movimentos e entidades populares, universidades, centros de pesquisas e órgãos públicos vão vivenciar diferentes realidades e contrastes do Semiárido baiano.

Seis eixos orientaram a construção das rotas da Caravana: os impactos da mineração, conflitos fundiários, conflitos por água, uso e impactos de agrotóxicos, experiências agroecológicas e resistências comunitárias. Para Manoel Ailton Rodrigues, integrante do Movimento Quilombola e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre, é de suma importância os locais escolhidos para a realização da Caravana. “Os impactos nas bacias do rio Salitre e do entorno do Lago de Sobradinho são os objetivos da Caravana Agroecológica. Sem dúvida, ela vai fortalecer a luta dos respectivos comitês”, afirma.

Comunidades tradicionais, como quilombolas, pescadores e fundos de pasto também estão incluídas nas rotas dos caravaneiros/as. Como parte da programação, acontecerá, no dia 28 pela manhã, o Seminário: “Ameaça aos Territórios Tradicionais”. A atividade será realizada no salão da Colônia de Pescadores de Casa Nova e é aberta a toda a população. “A programação está bastante rica, convidamos todas comunidades por onde a Caravana estará passando para participar com a gente. Várias pessoas de diversas organizações estarem juntas em uma caravana ajuda a gente a reconhecer os desafios para além da própria comunidade ou organização, nos permitindo um olhar de mais amplo para o território onde estamos”, ressalta o sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e integrante da coordenação da Caravana, André Búrigo.

A Caravana Agroecológica tem como diferencial a produção de um diagnóstico sobre o Submédio do São Francisco a partir de trocas e saberes coletivos e uma análise crítica composta por olhares de pesquisadores, comunidades, técnicos e integrantes de movimentos populares. Como resultado, espera-se realizar e reforçar denúncias de violações de direitos e contribuir para a atuação do Ministério Público da Bahia, pressionar por políticas públicas e sociais, fortalecer a luta de comunidades tradicionais e divulgar experiências agroecológicas e de Convivência com o Semiárido. Uma carta política e um documentário também serão produzidos a partir da Caravana.

“A vivência da Caravana já é um grande resultado. É uma aposta de que devemos e pudemos caminhar juntos, construindo convergências nas ações”, diz Búrigo. As Caravanas Agroecológicas têm sido realizadas por todo o Brasil desde 2013, como estratégia de mobilização de diferentes atores sociais. A do Semiárido Baiano vem sendo construída desde agosto do ano passado, com a participação de cerca de 30 organizações dos âmbitos federal, estadual e que atuam na região do Submédio do São Francisco. O encerramento da Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano será realizado no dia 30, no Espaço Plural da Univasf, em Juazeiro.

Luna Layse Almeida - Comunicadora Popular
ASCOM/COFASPI


quinta-feira, 1 de junho de 2017

Estudo do WWF-Brasil revela que Bahia tem 48 áreas que precisam de ações urgentes de conservação ou recuperação

O mapeamento também indica que há atualmente mais de 2.900 espécies de animais e plantas que necessitam de ações de conservação

Um mapeamento realizado pelo WWF-Brasil e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia (SEMA-BA) revela que existem atualmente 336 áreas prioritárias para conservação da biodiversidade em ambiente terrestre e marinho: 48 delas precisam de ações urgentes de conservação e ou recuperação; 84 foram classificadas como de prioridade muito alta de conservação e ou recuperação e 204 de importância alta. “O desmatamento e a construção de hidrelétricas são os grandes causadores dos problemas nessas áreas”, afirma Paula Hanna Valdujo, especialista em conservação do WWF-Brasil.

O estudo, lançado hoje por meio de uma plataforma online, mostra detalhadamente as etapas e os resultados do processo de identificação dessas áreas, que totalizam pouco mais de 266 mil km², ou 47% do estado da Bahia. Desse total, considerando apenas as áreas naturais, as áreas prioritárias cobrem apenas 27% do território do estado.

As áreas foram classificadas quanto às ações de conservação: criação ou ampliação de Unidades de Conservação (UC’s) (57 áreas), compensação ambiental (248 áreas), proteção a recursos hídricos (248 áreas), fomento a atividades econômicas sustentáveis (226 áreas) e inventários biológicos (245 áreas). Essas áreas foram definidas para conservarem mais de 2.900 espécies de animais e plantas.

Além de espécies, também foram consideradas áreas relevantes para conservação dos recursos hídricos, com ênfase em áreas com alta densidade de nascentes e importantes para abastecer reservatórios e aquíferos. “Vivemos um momento de escassez de água em todo o país e a Bahia, especialmente por conta do semiárido, enfrenta essa situação devido a causas naturais, mas que vêm se agravando por conta do uso desordenado dos recursos hídricos”, explica Paula. “O nosso mapeamento identificou áreas que vão contribuir para o aumento da qualidade da água, ou seja, identificamos áreas que já não podem ser desmatadas ou que devem ser restauradas”, continua a especialista. “Isso porque o desmatamento causa erosões, assoreamento e poluição dos rios. Ao restaurar a vegetação, a qualidade da água melhora”, diz.

O estudo levou em consideração o risco de perda da integridade ecológica das áreas onde as espécies-alvo ocorrem, de modo que foram selecionadas áreas sob menor risco sempre que possível. Entretanto, como algumas espécies ocorrem apenas em regiões muito desmatadas, com infraestrutura estabelecida e alto risco ecológico, algumas áreas prioritárias demandam intervenção imediata, para garantir a conservação de tais espécies.

“A Bahia tem três biomas: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica e espécies que só ocorrem em cada um deles. Portanto é necessário que todos sejam protegidos para em consequência preservar essas espécies”, diz Paula. “Esses resultados são muito importantes para nortear as ações de conservação propostas pela SEMA-BA, tais como políticas para proteção de recursos hídricos, criação de unidades de conservação e o estabelecimento de cotas de reserva ambiental”, afirma a especialista.

O estudo 

O estudo foi realizado pelo Programa de Ciências do WWF-Brasil, por iniciativa da SEMA-BA e contou com a participação de mais de 160 pesquisadores e gestores, que contribuíram com informações sobre espécies, ameaças e oportunidades para conservação. As informações geradas foram sistema de suporte a decisão que simula diversos cenários para identificar as áreas de maior relevância para conservação, de forma a proteger a maior proporção possível das espécies, minimizando os conflitos com outros setores. Posteriormente, as áreas selecionadas foram avaliadas quanto aos seus potenciais, para indicação de ações de conservação.

Para acessar a íntegra do estudo, clique aqui: www.wwf.org.br/pscbahia


Colaboração de Giovanna Leopoldi, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/06/2017