Fotos : ASPAFF EM AÇÃO

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Seca no semiárido nordestino se agravará até abril

17 de fevereiro de 2017

Claudia Izique  |  Agência FAPESP – A seca no semiárido do Nordeste do país, que já dura seis anos, poderá se agravar até abril: há 75% de probabilidade de as chuvas ficarem na média e abaixo da média climatológicas entre os meses de fevereiro e abril, aponta o último relatório do Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTI).

As previsões, produzidas com base em modelos climáticos e em diagnósticos atmosféricos e oceânicos, integram a agenda de pesquisa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas, apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela FAPESP.

As análises para o período que vai de fevereiro a abril de 2017 mostram a persistência de ventos alísios mais fracos que o normal no Atlântico Tropical e o aumento da temperatura da superfície do mar.

“Há 40% de chances de chuva no norte do Nordeste nesse período, mas com grande variabilidade espacial e temporal e abaixo da média histórica”, ressalta José Antonio Marengo, coordenador geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em Cachoeira Paulista, que integra o Grupo de Trabalho.

A baixa precipitação está associada às temperaturas dos oceanos Atlântico e Pacífico, incluindo a formação do El Niño intenso entre 2015 e 2016, assim como de “perturbações de larga escala” que resultaram no deslocamento da zona de convergência intertropical para o norte.

“Esta zona representa uma banda de nuvens orientada de oeste a leste e que determina chuva na região. Se esta zona fica mais ao norte, então ficará mais afastada do Nordeste e não terá chuva na região”, explica Marengo.

A seca tem sido implacável no leste do Piauí, sul do Ceará, oeste de Pernambuco e centro-norte da Bahia, desde outubro de 2011, onde vivem 2,3 milhões de pessoas. As estimativas do Ministério da Integração dão conta de que as perdas no setor agrícola nordestino em função da seca são da ordem de US$ 6 bilhões, entre 2010 e 2015.

E o quadro poderá se agravar. Marengo sublinha não ser possível fazer previsões climáticas para prazos acima de três meses em razão da “elevada incerteza associada às previsões”, mas as estatísticas indicam que a seca que atinge a região é a mais severa e mais prolongada desde que o Cemaden iniciou o monitoramento da região, em 2013.

“Entre outubro de 2012 e setembro de 2013, quando a seca se intensificou e afetou 53% das áreas de pastagens, o acumulado de precipitação foi de 611 mm. Entre outubro de 2015 e setembro de 2016, o acumulado de precipitação foi ainda mais baixo, de 588 mm”, afirma Marengo.

Se até abril as chuvas atingirem um patamar entre a média histórica – 861 mm no período de 1961 a 2015 – e até 30% abaixo dessa média, a situação hídrica na maioria dos sistemas de abastecimento de água no norte da Região Nordeste não irá se recuperar. “A longo prazo, isso implicará em acentuado risco de esgotamento da água armazenada nos açudes do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte entre novembro de 2017 e fevereiro de 2018”, prevê o meteorologista Marcelo Seluchi, do Cemaden.

Em fevereiro de 2017, por exemplo, os 153 açudes do Ceará, com capacidade  total para 18.674,0 hm3, armazenavam 1.168,0 hm3 de água, cerca de 6% da capacidade, de acordo com informações do Portal Hidrológico do Ceará.

Além do Cemaden, integram o GTPCS especialistas do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e do Centro de Ciências do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Participam como convidados representantes dos Centros Estaduais de Meteorologia e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Convocatória da Reunião Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Itapicuru.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Seminário de Turismo será realizado em Jacobina

Na próxima sexta feira (17) será realizado um Seminário para discutir propostas que venham a fortalecer o turismo sustentável no município de Jacobina.

O evento terá a participação de representantes do Poder Público, Sociedade Civil, Empresários do setor de turismo, restaurantes, hotéis e representantes da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia -SETUR.

Acesse o convite;

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

AS NASCENTES DA SERRA DE JACOBINA PEDEM SOCORRO

Em várias regiões do mundo, em um futuro não muito distante, à água de boa qualidade será escassa e começará a ser considerada como um bem de alto valor econômico, estratégico e social. Isto ocorre devido a sua importância para os mais diversos setores da atividade humana.

Neste contexto, as Serras de Jacobina são consideradas como principal fonte de água potável da Bacia hidrográfica do Rio Itapicuru. Suas elevações, com cotas acima de 1000 m, proporcionam o barramento dos ventos úmidos vindos do Oceano Atlântico e consequentemente o surgimento de um grande número de nascentes. Estas nascentes encontram-se distribuídas ao longo de quase 200km de serras e abastecem pelo menos 51 municípios e 1,3 milhões de pessoas, ou seja, 7,57% da população baiana consome direta ou indiretamente as águas que escorrem através das Serras de Jacobina ate o oceano Atlântico.

As nascentes (ou mananciais) se formam quando a água subterrânea atinge a superfície e, consequentemente, a água armazenada no subsolo jorra (mina) na superfície do solo, dando inicio aos cursos de água (rio, ribeirão, córrego) (Foto 1).

Estes locais são denominados de Área de Proteção Permanente – APP e são protegidas por lei, conforme o inciso III, § 1º, do art. 225 da Constituição Federal e pelo art. 4º da Lei  nº 12.651 regido pelo Código Florestal, entretanto, historicamente este tema vem sendo negligenciado por gestores públicos.

Foto 1- Vista paronâmica das Serras de Jacobina na região da Vila de Itaitu- Notar posição das nascentes localizadas em área de proteção permanente – APP. Foto: Carlos Victor Rios
As Áreas de Proteção Permanente (APPs) são espaços territoriais que relacionam áreas em superfície, independente da cobertura vegetal e tem a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e assegurar o bem estar das populações humanas.

Até o momento nenhum estudo foi conduzido para avaliar e quantificar as nascentes ao longo de toda a cadeia das Serras de Jacobina. Assim, em comum acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei Federal de Nº 12.651/12, são apresentados dados preliminares da Micro Bacia Hidrográfica de Itaitu – MBHI, considerada como uma área de estudo piloto localizada no município de Jacobina.

O objetivo deste estudo é subsidiar uma gestão eficiente e integrada dos recursos naturais de maneira a fomentar um correto planejamento territorial, incluindo ações mais eficientes de prevenção e fiscalização ambiental.

A MBHI, esta localizado na porção centro sul da Serra de Jacobina (Figura 1.b) e  possui uma área de 32 Km² . Nesta área (Figura 1.c) foi constatado pelo menos 105 nascentes distribuídas ao longo do topo da serra, em uma faixa de aproximadamente 7km, o que representa 0,8 Km²  de APP de nascentes. Os córregos/drenagem ao longo dessa faixa totalizam ao menos 46 km lineares e 2,69 Km² de APP de drenagem. Na porção plana, conforme o mapa apresentado ocorre pelo menos 37 km de córregos/drenagens e 2,1 Km² de APP de drenagem.

Figura 1 – Mapa indicando a localização a localização: A – Bacia Hidrográfica do Rio Itapicuru; B-  Serras de Jacobina e a Serra do Tombador Notar detalhe da Região de Itaitu; C- Micro Bacia Hidrográfica de Itaitu na região de Jacobina.
Todas às áreas de APP distribuídas ao longo da Serra de Jacobina devem ser protegidas, entretanto estas áreas, incluindo a Serra do Tombador, que também contribui para o abastecimento parcial da Bacia do Rio Itapicuru, não recebem a devida atenção por parte do poder público.

Destaca-se também que estas áreas tem sofrido com sucessivos processos de queimadas, mais intensamente em 2015 (Foto 2) e mais recentemente em 2017, onde bravamente vem sendo combatido por brigadistas voluntários (Foto 3) em parceria os órgãos públicos competentes.

Foto 02- Vista panorâmica da Serra de Jacobina indicando áreas queimadas e focos de incêndios em áreas de nascente. – 2015. Foto: Próprio autor

Foto 03 - Brigadistas voluntários no combate ao fogo na Serra do Tombador – 2017. Fonte: Brigadistas voluntários.

Por todos esses motivos e devido importância do conjunto de serras e montanhas como fonte de água potável para a humanidade, parece razoável a implementação de políticas públicas de educação ambiental junto aos moradores e frequentadores da região, bem como de todas as cidades que abrigam em seu território este importante recurso natural. Por fim, que sejam implantadas práticas de coleta seletiva na zona rural e urbana como medida de proteção dos cursos d´água ainda vivos.

Carlos Victor Rios  da Silva Filho
Geólogo M.Sc.