A Serra do Tombador,
em Jacobina – BA, compreende um divisor de águas entre a Bacia Hidrográfica do
Rio Itapicuru e a Bacia Hidrográfica do Rio Salitre. Corresponde a uma borda de
serra com mais de 75 Km de extensão onde afloram rochas de idade mesoproterozóica
do Grupo Chapada Diamantina. Estas rochas registram os processos de sedimentação
e de evolução tectônica ocorridas há milhares de anos, conforme apresentado por
diversos autores.
Nesta borda da serra
ocorrem também diversas pinturas rupestres, estas que representam um
determinado momento da história pré-colonial. Por conta disto, essa região apresenta
áreas classificadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
– IPHAN como sítios
Arqueológicos de relevância (Figura 1).
Figura 1 – Pinturas rupestres na Serra do Tombador.
Para se ter uma ideia, em somente 40 Km de área mapeada ao
longo da Serra do Tombador já foram identificados pelo menos 41 sítios
arqueológicos (Costa, 2012) (Figura 2). Ainda assim, ao invés de observamos o
estímulo e a preservação desse patrimônio natural, o que tem ocorrido é a
destruição dos sítios e das representações rupestres, conforme já apontado por
diversos outros pesquisadores, por exemplo, Barbosa e Nolasco, (2010).
Figura 2 – Mapa
indicando a localização dos sítios arqueológicos na região de Jacobina. Note
que a Serra do Tombador abriga a maior quantidade de sítios.
A Lei Federal
3924/61 estabelece que sítios arqueológicos não podem ser utilizados para exploração
mineral. Ainda assim, qualquer ato que contribua com a destruição dos sítios
arqueológicos é considerado crime contra o Patrimônio Nacional.
Muito embora sejam
inegáveis as potencialidades minerais da Serra do Tombador, o fato é que a
exploração em alguns locais é extremamente nociva. Principalmente quando as
áreas de preservação permanentes (APP) não são respeitadas (Figura 3).
Figura 3 – Extração
de arenito em faixa mínima de 100 metros que acompanha a borda da escarpa da
Serra do Tombador, considerada como Área de preservação permanente (APP).
Apesar da importância dos registros para a compreensão da
cultura de populações extintas, estes locais não tem recebido a devida atenção
(Figura 4). Isto ocorre devido à ausência de políticas públicas efetivas de
conservação e de educação patrimonial na região. Destaca-se que esta região tem um enorme
potencial para pesquisa através de escavações que podem fornecer a idade da
ocupação humana em período pré-colonial. Além disso, a conservação desse
patrimônio pode também se tornar um importante vetor de renda para o turismo
regional, e, portanto a sua preservação faz-se necessário.
Figura 4 – Abrigo
parcialmente destruído pelo fogo na Serra do Tombador.
Por fim, é dever do poder público, em conjunto com os mais
variados setores da sociedade, tomar ações que visem à conscientização da
população sobre a importância deste patrimônio natural, no que se refere às
questões históricas e científicas e, consequentemente, desenvolva mecanismos de
valorização e preservação de todo esse patrimônio.
Carlos Victor Rios da Silva Filho/Geólogo Dr.
Referência:
COSTA, Carlos
Alberto Santos - Representações rupestres no Piemonte da Chapada Diamantina
(Bahia, Brasil). Coimbra : [s.n.], 2012. Tese de doutoramento. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10316/21072
BARBOSA, Ademário D.
; NOLASCO, M. C. . Diagnóstico das Áreas Degradadas e de Conflitos do Trecho
Sul da Serra do Tombador com o uso de Geotecnologias. Revista de Geografia , v.
27, p. 110-125, 2010. Disponível em : https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/download/228788/23202
Olá, realmente o Tombador é lindo, com formações rochosas belíssimas é um vasto acervo histórico. Mas estou decepcionado com a exploração mineral que está acabando com tudo.
ResponderExcluirNAN VEJO PRESERVAÇÃO NENHUMA LÁ.
NAN TEM POLÍTICO HOMEM PARA COMBATER A DEGRADAÇÃO E EXPLORAÇÃO DE PEDRAS.
É UM VERDADEIRO DESCASO!!
ABSURDO!!!