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Trecho calçado em Rio de Contas| Foto: José Carlos Baião /
Estrada Real da Bahia
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Após diversas idas e vindas, o projeto da Estrada Real da
Bahia, caminho pelo qual passavam as remessas de ouro para Portugal no período
da mineração, ainda na época colonial, pode ter novo impulso. O acordo de
cooperação técnica entre a Secretaria de Turismo e a Companhia Baiana de
Pesquisa Mineral (CBPM), firmado para o georreferenciamento da estrada, foi
renovado e resta mapear 100 dos 400 quilômetros que compõem o trajeto entre
Jacobina, no centro norte do estado, e Rio de Contas, na Chapada Diamantina. A
informação foi confirmada pelo diretor-presidente da CBPM, Alexandre Brust.
Entremeando serras e matas, a Estrada Real baiana é alvo de discussão há muitos
anos, abrangendo gestões anteriores da Setur. Na gestão de Domingos Leonelli
(2007-2013) à frente da pasta, o projeto quase saiu do papel: chegou a ser
firmado um convênio em 2007 com o Ministério do Turismo, no valor global de R$
2.681.250, destinados à realização de obras de infraestrutura turística nos
municípios pertencentes às rotas do ouro, como pavimentação asfáltica e
construção de centros de atendimento ao turista. Deste montante, foram
liberados pelo ministério R$ 2.437.500 em 2008 – os R$ 243.750 deveriam ser,
como contrapartida, custeados pelo governo do Estado. Procurada pelo Bahia
Notícias na última quarta-feira (29) para responder sobre o andamento do
projeto, a Secretaria de Turismo, inicialmente, desconsiderou a pergunta sobre
a execução e resultados do convênio, por se referir ao ano de 2008. Após a
reportagem reiterar a solicitação, na última sexta-feira (1º), a Setur
encaminhou o pedido à área técnica responsável para a pesquisa dos dados, mas
ainda não respondeu ao questionamento até o fechamento. Sendo realizado ou
não, o convênio beneficiava quatro cidades: Mata de São João, Maragogipe, Porto
Seguro e Lençóis. As pesquisas de campo para mapeamento da Estrada Real foram
realizados posteriormente, na gestão de Pedro Galvão (2014), quando foi firmado
o acordo de cooperação técnica com a CBPM.
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Trecho na Serra do Tombador, em Jacobina | Foto: Antônio
Espinheira/CBPM
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Os resultados iniciais do levantamento, feitos pelo escritor
Ubaldo Marques Porto Filho, foram reunidos no livro Estrada Real da Bahia, em
2015. Até 2008, quando o valor foi liberado pelo MinTur, existia uma indicação
do trajeto feito pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia,
feita em 2003, que apontava rotas que passavam por 28 municípios da Chapada e
14 na Baía de Todos os Santos. Das quatro cidades constantes no convênio,
apenas duas são listadas nessa primeira relação, ainda sem comprovação
histórica: Lençóis e Maragogipe. De acordo com a documentação reunida no
memorial após o levantamento em campo, feito em 2014, já na gestão Pedro
Galvão, foi verificado que as primeiras indicações construiriam um trajeto
falso, não correspondendo exatamente ao da verdadeira Estrada Real. O real
caminho ainda está sendo mapeado e, de acordo com Brust, a expectativa é de que
o georreferenciamento da etapa Jacobina – Rio de Contas seja concluído no final
deste ano. Após o término desta fase, porém, a Setur ainda vai avaliar a
viabilidade do projeto. "O objetivo deste estudo é identificar as
coordenadas exatas do Caminho Real. A CBPM já produziu um relatório
relativo ao trecho compreendido entre Rio de Contas e Jacobina. Ao final,
indica a necessidade de maior adensamento de informações entre os trechos
reconhecidos e cadastrados. Ou seja, os dados disponíveis são rigorosamente
preliminares. Nossa equipe técnica acompanha este processo com todo interesse,
a fim de analisar a viabilidade do projeto; seu custo-benefício em esferas
público e privada, assim como sua adequação ao orçamento da Setur",
explica a pasta em nota. Durante a discussão do projeto, ao longo da última
década, também foi debatida a necessidade de criação de um instituto voltado
para a promoção da Estrada Real da Bahia como um novo destino turístico no
estado, a exemplo do que ocorreu em Minas Gerais, onde as rotas de ouro e
diamante já se consolidaram como atração de turistas. Em outubro de 2012, ainda
com Leonelli como titular, a criação da entidade chegou a ser discutida em audiência
pública na Câmara dos Deputados – e assim como Minas Gerais, a expectativa era
de construir o entendimento junto à iniciativa privada. De acordo com a Setur,
este continua sendo o entendimento da secretaria. "A idéia de criar aqui
um Instituto da Estrada Real foi inspirada na bem sucedida experiência de Minas
Gerais, onde a iniciativa privada participou e ainda atua de forma eficiente na
linha de frente deste trabalho. O modelo criado em Minas eliminou os entraves
burocráticos da administração pública".
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/busca/principal/estrada-real.html