Reflexão e ação! Durante o 3º Balaio Cultural: feira de Arte, Cultura e Meio Ambiente de Itaitu, nativos e visitantes experimentaram a essência desta vila de encantos. Em três dias de festa, apresentações culturais típicas da região, oficinas socioeducativas, esportes radicais e trilhas possibilitaram a troca de saberes e uma envolvente interação. No primeiro dia, banda de Pífanos do Campo do Silva e o grupo Os Cãos animaram Itaitu. Ao som de flautas e bumbos, o Pífano movimentou a vila. Com gritos de guerra e muita chama, Os Cãos assustaram, divertiram e alegraram os admiradores da tradição. Homenageando o fundador do grupo, o saudoso Waldemar Pereira, conhecido por Fecha Beco, eles se reuniram em frente ao palco para manifestar o respeito e a gratidão do idealizador desta manifestação única. No embalo da festa, houve quem incorporou, de fato, a fantasia, e, sendo Cão pela primeira vez, representou muito bem o personagem munido do forte xadrez, de foice e fogo.
Houve espaço também para os músicos de plantão. Era o Sarau Cultural, que, sem ensaio, reunia os artistas no palco para “fazer o som”. Não deixando a desejar, a plateia pulou e cantou ao som de ritmos variados: pop rock, forró, reggae... Mais tarde, foi a vez do artista da terra Joan Sodré levar o público ao delírio com canções próprias e sucessos raulseixistas. Mas não para por aí...
A praça de Itaitu se tranformou num espaço plural. As diversas barracas com os mais variados produtos ofereciam arte, criatividade, sabor e saber aos transeuntes. Exposições fotográficas, camisetas transadas com o lema Be Strong e Life Natura e produtos rústicos confeccionados por rippies chamaram a atenção do público. Para os nativos, era um maneira de se reconhecer, já que parentes e amigos apareciam nas fotografias dos Payayá. Para os visitantes, uma oportunidade de sentir os valores locais e viajar pela magia desta vila de Pedras Grandes.
No segundo dia deste Balaio Cultural, a Filarmônica Juvenil Rio do Ouro, representando o Projeto Filarmônica nas Escolas – Ponto de Cultura da Bahia, agraciou crianças, jovens, adultos e idosos com melodias harmoniosas. Na sequência, Recicla Som mostrou seus dotes com instrumentos reciclados. Como diz o mestre do grupo, o conhecido Jal, é uma proposta que “une música e preservação ambiental”. Na sua apresentação, Jal Nunes relembrou ao público a necessidade de “jogar o lixo no lixo” e reaproveitá-lo, citando o exemplo do próprio grupo, afinal, consciência ambiental ainda é algo incipiente na atitude dos cidadãos presentes na vila.
Ao longo do dia, o Pífanos do Campo do Silva continuou a animar os itaituenses, pois neste momento visitantes e nativos se confudem. Dinho do Pandeiro não resiste e se envolve com o grupo em meio a batucadas. Pablo Antônio, músico e poeta, recita versos de sua autoria e trechos de autores consagrados, envolvendo a plateia, que vibra com sua interpretação. Ao som do reggae de Essência Natural e debaixo de algumas pancadas de chuva, os pés e as mãos da plateia “bailavam no ar”.
Terceiro dia. Chegando ao final, a oficina de pintura ministrada por Cícero Mattos reuniu a criançada durante toda a manhã. Meninos e meninas da vila e de outras localidades agitavam o casarão, onde, posteriormente, funcionará a Casa de Arte e Cultura de Itaitu. Para acalmar os ânimos, música, pincel, tinta e papel metro. As telas improvisadas revelaram jovens talentos, que, empolgados, deram asas à imaginação e forma à criatividade. À noite, os painéis decoraram o palco com cores e desenhos da criançada.
A tarde as antigas marchinhas carnavalescas quebraram o silêncio da vila entoadas pela centenária Filarmônica 2 de Janeiro, que arrastou o público pelas ruas e becos de Itaitu. No início da noite a Dança de Fitas de seu Raimundo também agitou a praça ao lado da Banda de Pífanos do Moreira. Mas desta vez as dançarinas não foram as crianças da vila. Os visitantes aceitaram o desafio e, após um rápido ensaio, trançaram as fitas coloridas em ritmo de festa. Seguindo a programação, o palco é ocupado por grupos de amigos que se reencontram para mais uma vez tocar antigos sucessos e recitar poesias no Sarau Cultural, que se despede com o gingado do nativo “Fernando Dançarino”, que ovacionado por gritos e sussurros faz simplesmente o público gargalhar felicidade. Para fechar a noite, Kadosh e os Sandálias de Couro relembraram sucessos da MPB, do forró pé de serra e canções próprias.
E o que ficou? Para os nativos, os frutos do Balaio e a tranquilidade desta terra de encantos. Para os turistas, uma profunda saudade e um gostinho de quero mais.
Obrigado a todos que fizeram parte desta festa...
Equipe Balaio Cultural.
Contribuição:Verusa Pinho
Fotos : Richard Silva (ASPAFF CHAPADA NORTE).